
ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO FUNCIONAL DO PROMOTOR LIGADO AO TRANSPORTADOR DA SEROTONINA (5-HTTLPR)Agressividade Externalizada e Internalizada e Abuso do Álcool
Samuel POMBO, Pilar DE QUINHONES LEVY, Manuel BICHO, António BARBOSA,Fátima ISMAIL, Neves CARDOSO
Acta Med Port 2008; 21: 539-546
Na genética do alcoolismo evidenciam-se repercussões na heterogeneidade fenotípica da dependência do álcool, possibilitando a maior, ou menor expressão de comportamentos associados de agressividade.
A patogénese do alcoolismo e do comportamento anti-social tem sido relacionadas com a desregulação do sistema serotoninérgico, sustentando assim, a investigação do polimorfismo de inserção/delecção de 44 bases do gene transportador da serotonina (5-HTT). O estudo tem como objectivo avaliar a relação entre o polimorfismo 5-HTTLPR, o comportamento agressivo e o consumo do álcool.
Foram recrutados 97 dependentes do álcool da consulta de Etilo-Risco do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria. Durante o programa terapêutico foi colhido sangue para extracção de ADN e realizada a avaliação clínica e comportamental.
Para o polimorfismo 5-HTTLPR, 30.7% dos doentes alcoólicos são homozigoticos para o alelo l, 19.8% dos doentes alcoólicos são homozigoticos para o alelo s e 49.5% são heterozigoticos l/s.Verificou-se significativamente menores scores de agressividade durante a fase de consumo agudo do álcool nos alcoólicos portadores do alelo l(ll/ls) e scores mais elevados de agressividade (em período de consumo agudo e abstinência) nos alcoólicos portadores do alelo s (ss/ls), embora este resultado não tenha sido significativo. A associação da natureza funcional do alelo s do polimorfismo 5-HTTLPR, com o comportamento agressivo, é consistente com os modelos de agressividade que relatam uma diminuição central da actividade serotoninérgica associada a condutas impulsivas e anti-sociais
Os resultados revelam uma associação entre o polimorfismo 5-HTTLPR e o comportamento de auto e heteroagressividade na população dependente do álcool, sobretudo, quando a agressividade emerge sob o efeito do álcool. Neste período de consumo de bebidas alcoólicas, a presença do alelo l afigura-se como um factor “protector” do desenvolvimento de comportamentos agressivos, enquanto que a tendência dos resultados aponta o alelo s (curto) como factor de predisposição. Estes resultados sugerem que a presença do alelo s pode conferir uma vulnerabilidade genética no doente alcoólico à manifestação de comportamentos de agressividade, particularmente, quando em interacção com o efeito agudo do álcool.
http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2008-21/6/539-546.pdf
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