Para um novo paradigma de intervenção clínica na dependência do álcool: a tipologia alcoólica de Lesch (TAL)
Samuel Pombo, Otto Lesch
RESUMO
Há muito que não só a prática clínica como a investigação científica observam que os alcoólicos não são todos iguais. Aliás, bem pelo contrário, apresentam uma elevada heterogeneidade, por exemplo, no padrão de consumo do álcool, na estrutura de personalidade, no tipo de co-morbilidade e vulnerabilidade neurobiológica. Esta diversidade produz manifestações fenotípicas distintas no perfil clínico do doente alcoólico (subtipos), podendo repercutir-se na eficácia dos modelos de tratamento disponíveis se não se encontrar reflectida na planificação terapêutica. A Tipologia Alcoólica de Lesch (TAL) define 4 subtipos de dependentes do álcool, validados cientificamente, desenvolvidos a partir de preditores clínicos a longo prazo: tipo I traduz um subgrupo fisiológico (“Modelo de alcoolismo enquanto doença física”); tipo II define um subtipo Ansioso (“Modelo de alcoolismo para lidar com ansiedade e resolução de problemas”); tipo III caracteriza um subtipo Depressivo (“Modelo do álcool como anti-depressivo”) e tipo IV representa um Subtipo Orgânico (“Modelo de alcoolismo secundário a problemas do desenvolvimento infantil e de alterações cerebrais pré-alcoólicas”). Este trabalho visa a introdução ao paradigma das tipologias do alcoolismo, com foco particular na investigação científica e clínica da TAL e suas propostas terapêuticas.Conclui-se a disponibilidade de um corpo teórico e evidência científica que justifica a intervenção na dependência do álcool racionalmente fundamentada pela TAL.